15 de jan. de 2009

PT reforça Tião Viana contra Sarney

BRASÍLIA, 14 (AG) - O comando nacional do PT iniciou hoje uma forte ofensiva em defesa da candidatura do senador Tião Viana (PT-AC) para presidência do Senado com o claro objetivo de causar constrangimento às articulações do senador José Sarney (PMDB-AP) para ocupar o mesmo cargo. A ação foi deflaglada pelo presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP) que, em nota divulgada pelo partido, afirmou que a candidatura de Tião é "fundamental para a manutenção do equilíbrio de forças da base governista no Congresso Nacional" e uma questão de bom senso. Cobrou ainda a contrapartida do PMDB ao apoio que o PT dará à candidatura de Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Cãmara.

A reação do PT foi rapidamente identificada pelo grupo de Sarney, que decidiu mudar de estratégia e ganhar tempo. Hoje, ele adiou pelo terceiro dia consecutivo a conversa que teria com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o argumento que estava muito gripado. Mas nos bastidores, Sarney intensificou suas consultas por telefone e passou a contar com a ajuda mais explícita do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), num claro sinal de que não ficará intimidado com as ações do PT.

O PT decidiu partir para o enfrentamento com o objetivo de neutralizar Sarney.

Na nota, Berzoini lembrou que o partido fechou questão em torno da candidatura de Michel Temer e que, portanto, é mais do que razoável "que haja a contrapartida do apoio do PMDB à candidatura de Tião Viana à presidência do Senado". Na seqüência, Berzoini pondera que não se trata de pré-condição para que o PT mantenha o apoio a Michel Temer na Câmara, "mas de uma questão de bom senso." A líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), foi ainda mais contudente na defesa de Tião Viana. Disse que que já passou o tempo de retirada da candidatura do petista, cobrou respeito do PMDB e afirmou estranhar que Sarney queira ser candidato depois de ter negado várias vezes.

- Por que deixaram a candidatura do Tião se consolidar? Na política, é preciso que se tenha um mínimo de respeito. Não podemos engolir a presidência das duas Casas com o PMDB. ê preciso equilíbrio. Se o PMDB quer o governo, que dispute a eleição. Sem nenhum fato novo, como o Sarney vai chegar para o Lula e dizer que agora é candidato? Só faltava o PT e Lula terem que resolver o problema interno do PMDB. Se o Renan e o Temer estão com problemas, eles que se acertem - alfinetou Ideli.

O candidato petista no Senado também não poupou o ex-presidente da República e ironizou o fato de Sarney ter adiado mais uma vez a conversa com Lula - o que só deverá ocorrer na próxima semana, já que amanhã e na sexta-feira Lula estará em viagem ao exterior. De forma indireta, Tião insinuou que Sarney teria o apoio da máquina do Senado. Hoje, de um total de carca de três mil servidores na ativa, 400 possuem cargos de diretores com salários de mais de R$ 15 mil.

- O Sarney quer aguardar o melhor momento. Agora, essa posição dúbia é a certeza de que ele será candidato. Nesse caso, vou para a disputa com Sarney. A minha ofensiva é de resistência. Há um grupo que está muito estruturado para manter o statu quo do Senado. ê uma força paralela - disse Tião Viana, numa referência indireta à burocracia da Casa.

É nesse cenário de beligerãncia entre PT e PMDB que o presidente Lula vai tentar atuar para evitar a divisão da base aliada. Primeiro, ela quer uma posição de Sarney sobre sua disposição de sair candidato. Mas segundo aliados, o discurso do ex-presidente já está pronto: perguntará a Lula se deseja que ele assuma a presidência do Senado. Ele seria, então, o candidato do consenso. Caso não se chegue a essa situação, ficará claro que o PMDB vai enfrentar Tião Viana, neste caso com o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) - tudo o que o Planalto não quer.

Nos bastidores, Sarney já se aproximou do DEM e agora avança no PSDB. Tem usado o argumento de que está magoado com o PT e com as ações da Polícia Federal em relação a integrantes da sua família.

Na noite de ontem, Michel Temer encontrou-se com o presidente Lula no Palácio do Planalto. Ouviu do presidente, que independente da situação do Senado, sua candidatura na Câmara teria o apoio do governo.

Hoje, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), afirmou que o partido apoiaria as candidaturas do PMDB na Câmara e no Senado. Acrescentou que no Senado, os democratas votariam em Sarney ou Garibaldi, mas ponderou que a candidatura à reeleição do presidente da Casa enfrenta contestações jurídicas.

Fonte: JC Online

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