27 de out. de 2009

É natural o PSB querer mais uma vaga na chapa

Ines Andrade
iandrade@jc.com.br O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho (PSB), parece mais convencido da sua candidatura ao Senado, na chapa de reeleição do governador Eduardo Campos (PSB). Ele é um dos nomes cotados junto com o ex-prefeito João Paulo (PT) e com o deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB). Animado, diz que está feliz porque cumpriu o papel que o governador lhe deu, que foi “animar a economia pernambucana”. Nessa entrevista ao JC, destaca o papel do PSB nos cenários estadual e nacional. Diz que o partido não precisa ficar apenas com o cargo de governador na chapa estadual e aposta que não abdicará da candidatura de Ciro Gomes à Presidência, caso o deputado continue a crescer nas pesquisas.


JORNAL DO COMMERCIO - O senhor parece mais animado com uma possível candidatura ao Senado...

FERNANDO BEZERRA COELHO - Eu estou colocando o meu nome para a disputa do Senado. Estou trabalhando dentro do partido, o PSB. Tenho conversado com o nosso presidente (estadual), Milton Coelho, com deputados, prefeitos do PSB. E tenho buscado também falar com lideranças de outras legendas que dão sustentação ao governador. Estive em Brasília conversando com deputados federais. Estou programando uma reunião com deputados estaduais para o início ou meados de novembro.

JC - Como tem sido as conversas?

BEZERRA COELHO - Boas. Tenho tido uma boa receptividade, estímulo, apoio para que a gente possa defender essa postulação. O governador tem colocado que só quer tratar dessa questão em março ou abril. E até lá eu vou cuidando de trabalhar o nome para que ele possa ser uma alternativa.

JC - Mas não existe dificuldade pelo fato de o senhor ser do mesmo partido do governador?

BEZERRA COELHO – Pode ser uma dificuldade, mas pode não ser. Pode ser até uma razão. Dentro do PSB, muitos colocam a necessidade de uma representação ampliada. Se nós temos hoje o governo, por que não poderemos ter uma das vagas ao Senado? É uma questão que tem de ser analisada com tranquilidade. Não queremos atropelar ninguém, nem furar a fila. Tem de se fazer uma leitura correta de como é que nós chegamos ao governo. Se lá atrás a gente conseguiu construir a vitória de Eduardo, é óbvio que agora num momento de reeleição... Você tem que levar em conta a questão nacional, que não está resolvida ainda. Se o PSB vai ter candidato a presidente ou não. Como é que a gente vai antecipar situações se têm questões ainda em aberto? Ninguém pode hoje dizer que o PSB não terá Ciro Gomes candidato. Eu acho que a candidatura de Ciro tende a crescer. É o que ouço também lá em Brasília, da bancada federal do PSB.

JC - O cenário, então, é mesmo favorável?

BEZERRA COELHO – Tem essas questões todas. Como o PSB tem hoje o maior número de prefeitos, como tem o governador, como está se estruturando para ter a maior bancada na Assembleia (Legislativa), a maior representação de deputados federais, é natural que o PSB ambicione ter mais vagas na chapa majoritária. Não é natural dizer que só cabe ao PSB somente (o cargo de) governador. A gente até pode só ser governador, por outras razões. Essa seria uma resposta simples para uma questão muito mais complexa, tem a história da luta política, dos que foram vitoriosos com Eduardo. Tem o fato nacional, que ainda está indefinido, se Ciro for candidato, qual será o papel do PSB. A candidatura de Dilma é irreversível? Vamos analisar.

JC - Se Ciro continuar crescendo nas pesquisas, até que ponto a decisão...

BEZERRA COELHO – Isso é bom para o PSB. Vamos falar num português claro. Nós disputamos o poder com o PT. Qual é o objetivo do PSB? É chegar ao poder federal. É de qualquer partido. Então nós estamos disputando com o PT esse jogo federal. O PT tem preferência? Tem, porque o presidente Lula está no cargo. Ele é quem vai coordenar a sucessão dele. Então, é evidente que o presidente terá de fazer todos os gestos para querer ter o PSB ao seu lado. Mas foi o próprio presidente que combinou que vai decidir isso em fevereiro. Até fevereiro, Ciro vai trabalhar a candidatura dele. E se a candidatura dele tiver bem posicionada, é muito pouco provável que o PSB abdique da candidatura de Ciro. O PSB tem ambições de fazer uma grande bancada federal, de ser um dos grandes partidos do Brasil e temos espaço para trabalhar.

JC - E essa discussão de que o governo Jarbas Vasconcelos seria de uma obra só (BR-232)?

BEZERRA COELHO – Acho que esse não é um debate legal. Em vez de a gente falar de pessoas, a gente precisa falar de um projeto, o que é muito melhor. Quando você vai e compara, às vezes fica parecendo uma coisa arrogante, que você é o bom. Agora o bom é falar do que você fez. E eu acho que a fala do governador, quando o governador deu a fala que incomodou e José Arlindo (ex-secretário de Planejamento de Jarbas) foi ao jornal... José Arlindo é muito mais educado do que naquela reportagem. Acho que ele foi um pouco mal educado e é muito mais qualificado do que aquilo que ele colocou. Mas quando o governador falou de que passou o tempo em que Pernambuco foi só uma obra importante, é por causa da visibilidade que a 232 teve. Não foi dizendo que só teve uma obra importante (no governo Jarbas). Mas a própria campanha de mídia de Jarbas terminou sendo centrada na 232, que de fato é uma belíssima obra. Hoje quando você olha Pernambuco e aí você vai ver os números. Não estou comparando, mas vocês têm que trazer os números para a discussão, estão no Tribunal de Contas, não bota na boca da gente. Pelos números que tenho, em oito anos do governo Jarbas e Mendonça (ex-governador Mendonça Filho), Pernambuco investiu, mesmo com o dinheiro da Celpe (venda da Celpe), R$ 4 bilhões. Estamos agora diante de um governo que no primeiro ano investiu mais de R$ 700 milhões, no segundo ano investiu R$ 1,1 bilhão, no terceiro ano, que é o ano da crise, devemos chegar a R$ 1,5 bilhão. E no próximo ano, está aí no orçamento do Estado, mais de R$ 2 bilhões. Soma, em quatro anos, vamos fazer R$ 5 bilhões de investimento. Então o que o governador quis dizer? Pernambuco está vivendo um momento em que ele dobrou o investimento.

JC - Mas tem a escala de investimento também. Se tem uma Refinaria, o investimento tem de ser grande...

BEZERRA COELHO – Agora vamos qualificar a discussão. Você tem os números. Só que eu estou querendo dizer que vocês procurem também, digamos, o que for de João que seja de João. O que é que nós estamos dizendo? Aí já entra o mote político. É que eles tiveram a Presidência da República e não trouxeram tantos recursos quanto poderiam trazer. E o fato é que Eduardo, na parceria com Lula, trouxe mesmo.

JC - Esse debate de investimentos em infraestrutura rebateria numa campanha sua?

BEZERRA COELHO - Estou me colocando como candidato a senador porque acho que cumpri um papel que o governador me confiou, que foi animar a economia pernambucana, aproveitar o momento para poder atrair os investimentos. Estou feliz da vida. Nós tínhamos uma Refinaria anunciada mas não iniciada, tínhamos um estaleiro anunciado mas não iniciado. Nós tínhamos um polo petroquímico anunciado, mas não iniciado. E o que é que nós temos hoje? O polo petroquímico cresceu, que eram duas fábricas, agora são quatro. Nós tínhamos um estaleiro, podemos ter três ou quatro. Nós tínhamos uma refinaria, que pode ser duplicada... Estou dizendo o que nós estamos trabalhando. Temos os investimentos na área de coque, na área de fertilizantes. Não estou dizendo que o trabalho só foi nosso, veja bem! Tem coisas aí iniciadas e que foram realmente muito ampliadas.

JC – O presidente Lula aumentou investimentos, mas a partir de um programa de continuidade do governo FHC. Aqui em Pernambuco também se pegou o bonde andando no caminho favorável em termos econômicos.

BEZERRA COELHO – Essa colocação é corretíssima. Só não pode ser levada ao exagero, porque o exagero político dessas colocações é de que todo sucesso de Lula se explica pelo plano de estabilidade. Então, Lula apenas manteve o que já vinha sendo feito. Isso é um reducionismo grande. Por que é que Lula tem os índices de aceitação, de popularidade, bem mais expressivos do que Fernando Henrique? Se a gente for pela economia não explica, não é? No governo de Fernando Henrique, também, você conseguiu consolidar a questão da moeda, da inflação, do controle inflacionário, mas arrebentou o País do ponto de vista social. E é por isso que Lula é tão popular. No caso do governo Jarbas, é evidente que as condições que Eduardo recebeu o governo já eram num cenário de retomada da economia. Ninguém mente. Agora, eu digo sempre que nós estamos fazendo muito mais.

Do JC Online

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