3 de dez. de 2009


Difícil retorno

O ambiente não chega a ser hostil, mas o clima a ser enfrentado por Silvio Costa Filho (PTB) no seu retorno à Assembleia Legislativa será marcado por desconfiança e ressentimentos. Soma-se a isso a evidente falta de apoio que ele amarga desde que surgiram as denúncias que o levaram a deixar a Secretaria de Turismo, terça-feira. Deputados da própria base do governo acreditam que a reinserção do petebista às atividadas da Casa não será das mais fáceis. Argumentam que Silvio não os tratou como aliados nos dois anos em que esteve à frente da Secretaria de Turismo. Afirmam que nem mesmo audiências conseguiam marcar e que diante das dificuldades de relacionamento com o ex-secretário é impossível não haver sequelas.

As queixas governistas, claro, encontram eco na oposição. "Desde que ele saiu e tornou-se secretário não retornou aqui, não recebia os colegas, não tinha contato com a Casa. Na surdina, muitos comemoraram sua exoneração", observou Terezinha Nunes (PSDB). "Acho que a retomada da relação será difícil", completou.

Silvio retomou o mandato ontem, um dia depois de entregar o cargo ao governador Eduardo Campos (PSB). Além dele, pediram exoneração o presidente da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) e o secretário executivo da pasta, Tomé Franca. A decisão foi consequência direta das denúncias de superfaturamento de contratos de shows musicais promovidos pela Empetur em cidades do interior através dos projetos Festejos Natalinos de 2008 e Verão Pernambuco 2009. As denúncias foram divulgadas no dia 25 do mês passado por deputados do DEM e PSDB e apontavam envolvimento da Empetur e do Ministério do Turismo, que, juntos, investiram R$ 6,8 milhões em espetáculos realizados em 22 municípios.

Silvio não compareceu ao plenário ontem. Seu nome chegou a ser chamado em votações de projetos, mas ele reservou a tarde para fazer um comunicado à imprensa e protocolar pedidos de investigação na Polícia Federal e no Ministério Público Federal. As denúncias não entraram na pautada sessão, mas esteve em conversas. Assim como na última terça-feira, dia da exoneração, ontem não foi registrado gesto físico ou declaração pública de apoio ao petebista por parte do governo, deputados aliados ou partido.

Na terça, notas enviadas às redações, limitaram-se a expressar solidariedade e "compreensão dos motivos" que o levaram a deixar o cargo. Ninguém assumiu uma defesa contudente, dando a entender que a situação necessita de maiores esclarecimentos. De acordo com deputado da base que optou pelo anonimato, "ninguém vai bater, mas também ninguém vai defender". "Estamos com o pé atrás", disse.

Já o líder do governo, Isaltino Nascimento (PT), reafirmou que a CPI pleiteada pela oposição (e por Silvio) não terá futuro. Ele adiantou, todavia, que a bancada está preparada para reagir à altura a qualquer atitude da oposição. "Estamos preparados para valsa ou rock´n roll". Na oposição, Pedro Eurico (PSDB) entende que a CPI é desnecessária, ao passo que Terezinha continua a defender sua instalação.

Do Diario de Pernambuco

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