2 de jan. de 2010


Hora de pensar em mudança

O governador Eduardo Campos (PSB) vai começar o ano de 2010 com uma tarefa árdua para executar. Além de fechar as alianças para compor a chapa majoritária, o socialista terá que promover uma ampla reforma no secretariado. Em três anos de administração, Eduardo fez mudanças pontuais na equipe. Evitou ao máximo mexer no quadro de auxiliares que desde o início do mandato dele estão engajados no novo modelo de gestão implementado no estado. Até 3 de abril, prazo limite para quem exerce função pública e vai disputar a eleição se descompatibilizar do cargo, o governador terá substituir 10 secretários que vão concorrer a deputado federal, deputado estadual e senador, este último uma pretensão do secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho (PSB). Para evitar acusações de uso eleitoral da máquina, o governador já teria, inclusive, decidido antecipar para fevereiro a desvinculação dos assessores.

O secretariado passará por uma alteração significativa. Dos 14 titulares das pastas estaduais, cinco irão disputar a eleição: Danilo Cabral (Educação); Sebastião Oliveira (Transportes): Ângelo Ferreira (Agricultura e Reforma Agrária); Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Humberto Costa (Cidades). Além deles, João Lyra Neto vai se desligar da Secretaria da Saúde para tentar a reeleição de vice-governador. O cargo dele, inclusive, passou a ser cobiçado pelos partidos aliados. O interesse se justifica pelo fato de que quem estiver na vice, em 2014, caso o governador Eduardo Campos seja reeleito, poderá assumir o comando do estado. O socialista deverá deixar o governo antes de concluir o mandato para disputar outra eleição.

A baixa na estrutura administrativa também vai atingir duas das nove secretarias especiais. Vão deixar os cargos Waldemar Borges (Articulação Social) e Aluizio Lessa (Articulação Política). Especula-se também que o secretário especial de Articulação Regional, José Patriota, deverá concorrer a deputado estadual. O empecilho seria, talvez, a recente nomeação dele para a pasta. Patriota substituiu o ex-secretário João Paulo (PT), que deixou o governo há pouco mais de um mês reclamando da falta de autonomia no gerenciamento da secretaria.

Nos bastidores do Palácio do Campo das Princesas, comenta-se que, na hora de escolher os substitutos, Eduardo deverá optar por quadros das próprias secretarias. A ideia é de trabalhar com pessoas que já têm conhecimento da máquina. Alguns socialistas acreditam que o critério de escolha não deverá causar ruídos com os partidos aliados, uma vez que eles estão integrados e comprometidos com a gestão. Sendo assim, não haverá necessidade de agregar novas forças.

Na Educação, por exemplo, o secretário executivo Nilton da Mota poderá ser uma opção para substituir Danilo Cabral. Outra hipótese, essa para Transportes, é do presidente do Departamento Estadual de Rodagem (DER), Eugênio Manuel do Nascimento Morais. Para a pastas das Cidades, a secretária executiva Ana Suassuna poderá ser convocada para ficar no lugar de HumbertoCosta. Já Frederico Amâncio, secretário executivo de coordenação geral da Saúde, poderá substituir João Lyra Neto.

Em dois casos específicos, no entanto, deverá acontecer costuras políticas. Para a Secretaria Especial de Articulação Regional, o governador poderá ouvir o ex-prefeito do Recife João Paulo em razão da polêmica criada em torno da saída dele do governo. O gesto seria uma forma de agradar o aliado, considerado uma peça importante no xadrez eleitoral de 2010. Outra situação a ser resolvida é com o PTB. O partido perdeu espaço com a saída do ex-secretário Silvio Costa Filho, que teve o nome envolvido no escândalo do superfaturamento dos contratos de shows pagos pela Empetur.

Conversas e acertos já foram iniciados


A mudança será grande, mas já estava prevista. Os secretários foram unânimes em dizer que tudo foi acertado com o governador Eduardo Campos (PSB) para acontecer no momento previsto pela legislação. "Serei candidato a deputado estadual. Vou sair do governo com a certeza de que a manutenção dos projetos está garantida", previu o secretário de Articulação Social, Waldemar Borges (PSB). O mesmo sentimento é do vice, João Lyra Neto (PDT). O pedetista afirmou que vai deixar a Secretaria da Saúde em março. "O nome escolhido para me substituir terá um perfil de comprometimento com o projeto planejado para a saúde", pontuou.

O secretário de Agricultura e Reforma Agrária, Ângelo Ferreira, a exemplo dos demais colegas de equipe, não quis arriscar nomes. "A escolha dos substitutos só cabe ao governador. Não devemos interferir nessa questão. Além disso, Eduardo é um homem muito ligado à agricultura e saberá fazer a indicação certa", observou. Ângelo está licenciado da função de deputado estadual e tentará a reeleição.

JáFernando Bezerra Coelho, titular de Desenvolvimento Econômico, mantém o projeto de disputar a eleição para o Senado. "Sou candidato a senador. Não desisti dessa possibilidade Não tenho a intenção de disputar outro cargo. O assunto será discutido dentro do partido e das forças políticas que compõem o nosso grupo", revelou. Aluízio Lessa, da Articulação Política, disse ter recebido sinal verde do governador para continuar articulando a candidatura. "Vamos seguir adiante".

A secretaria de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), pré-candidata a federal, contou que quando aceitou o convite para integrar a equipe de Eduardo todos estavam cientes que ele deixaria o governo, no limite do prazo previsto pela lei Humberto Costa, secretário das Cidades, será candidato a deputado federal. Esse cenário, no entanto, poderá mudar em função das negociações para compor a chapa majoritária. "Sou candidato a deputado federal, mas não vou deixar de conversar sobre outras possibilidades".

Do Diario de Pernambuco

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