24 de fev. de 2011

Um partido "ecumênico"

A possibilidade de que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, desembarque do DEM no PSB evidencia o perfil pra lá de ecumênico que o partido que tem “socialista” na sigla vai adquirindo no Estado.

Kassab, eleito com um voto identificado majoritariamente com o eleitorado demo-tucano, vai dividir espaço na nova legenda, caso se confirme o ingresso no PSB, com o católico carismático Gabriel Chalita, eleito deputado federal pela legenda, e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf _que teve votação modesta para o governo mas, ainda assim, pretende permanecer na política.

Ao lado dessa “classe emergente” do PSB paulista figuram nomes mais tradicionalmente ligados à legenda, como o ex-prefeito de São Vicente Márcio França, hoje acomodado no secretariado de Geraldo Alckmin, e a ex-prefeita da capital Luiza Erundina _de todos esses, o único nome de fato identificado com a chamada esquerda, à qual o PSB está ligado em sua origem.

A superlotação incomoda, em alguma medida, todos esses atores, atraídos para o PSB não por um projeto comum, mas pelo canto da sereia de que ali seria uma espécie de terra prometida onde cada um deles poderia viabilizar sua própria agenda. O mesmo marketing, aliás, que seduziu o ex-presidenciável Ciro Gomes.

O responsável por seduzir tantos e tão diferentes políticos para um partido que experimentou crescimento notável nas urnas em 2010 é o presidente nacional da sigla, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, reeleito com 82% dos votos válidos no ano passado.

Campos não esconde o projeto de fazer do partido que já foi comandado por seu avô, Miguel Arraes, uma alternativa de poder à dicotomia PT-PSDB. Por isso os flertes com atores como Kassab e o tucano Aécio Neves.

Ao fortalecer seu partido, Campos também se blinda contra a hegemonia do PMDB na aliança de Dilma Rousseff.

No caso de São Paulo, resta saber se tantos e tão diferentes projetos vão conseguir co-habitar no PSB. Paulo Skaf já articula uma mudança para o PMDB caso Kassab desembarque mesmo na legenda.

Chalita, que foi parar no PSB com a promessa (frustrada) de se candidatar ao Senado, flerta com o PT de Dilma, de quem se aproximou na campanha.

Quanto a Kassab, aliados do prefeito veem com preocupação a possibilidade de ele ser seduzido pelo canto da sereia e, mais à frente, ter o mesmo destino de Ciro: ver seus projetos eleitorais sacrificados em nome da aliança histórica do PSB com o PT.

* Publicado no dia 18 de fevereiro por Vera Magalhães/blog presidente 40

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