
BRASÍLIA – Depois de pedir abertura de ação penal por crime de peculato contra o senador tucano Eduardo Azeredo (MG), ex-governador de Minas Gerais, o ministro Joaquim Barbosa concluiu ontem seu voto pedindo também a abertura de processo por lavagem de dinheiro. Barbosa defendeu no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) que a Corte receba integralmente a denúncia do Ministério Público Federal, que acusa Azeredo de ter participado de um esquema de desvio de recursos públicos e de caixa 2 na campanha de 1998, quando tentou se reeleger governador de Minas Gerais, num esquema que ficou conhecido como mensalão tucano.
O julgamento foi adiado depois do voto de Barbosa porque o ministro José Antônio Dias Toffoli, recém-empossado como ministro do STF, pediu vista.
Barbosa alertou que é necessário julgar rapidamente o caso para evitar que ocorra a prescrição (extinção da ação). Ele também defendeu que o eventual processo sobre o suposto esquema de desvio de recursos na campanha de Azeredo seja julgado no mesmo dia que a ação aberta pelo tribunal em 2007 contra 40 acusados de participação no mensalão federal.
Para Barbosa, há muita “similitude” entre os dois esquemas. O tucano seria um “embrião” do federal, também conhecido como mensalão petista. Uma dessas semelhanças seria a participação do empresário Marcos Valério nos dois casos. O ministro Carlos Ayres Britto concordou: “Esse script já é conhecido”.
Em um voto de mais de 200 páginas e que consumiu dois dias de sessão, Barbosa tentou convencer seus dez colegas de plenário sobre a necessidade de ser aberta uma ação penal contra Azeredo para aprofundar as investigações em relação a indícios de participação do senador no esquema de desvio de recursos e lavagem de dinheiro.
O ministro frisou que, apesar de não ser o publicitário da campanha de Azeredo, Marcos Valério tinha uma participação na campanha. De acordo com ele, há indícios de que essa participação seria por meio de lavagem de dinheiro.
Entre os papéis citados para mostrar que havia indícios de irregularidades, Barbosa fez referência a um suposto recibo que teria sido assinado por Azeredo reconhecendo o recebimento de R$ 4,5 milhões. A defesa de Azeredo sustenta que esse recibo é falso e que foi grosseiramente montado.
Do JC Online






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